O inverno e os idosos

Segundo o senso comum, devemos adquirir e acumular bens durante a “fase produtiva” para termos uma boa reserva na velhice. Todavia, devido ao declínio fisiológico natural acrescido do desgaste para realização desse ideal, poucos chegam à velhice com um estoque de saúde suficiente para viverem da maneira sonhada. Daí, experimentarem a velhice, de modo real e na maioria das vezes, dentro de circunstâncias dominadas pelas doenças.

Um dos fatores que confere aos jovens o arrojo necessário para a construção de seu império particular é a distância em que ele vive da morte. Para os jovens, até mesmo a distância entre a doença e a morte é muito grande. Por isso eles arriscam mais. Para os idosos, entretanto, a existência acontece apertada entre a vida e a morte. E ainda mais constrangida entre a doença e a morte. Por isso os idosos arriscam-se menos, têm necessidade de cuidarem-se mais e de serem mais bem cuidados.

As patologias cardiovasculares e cerebro-vasculares, puras ou como decorrência de outras doenças de base, como o diabetes, a hipertensão arterial e as doenças osteo-articulares (reumatismos), são as que mais acometem os idosos. Além, é claro, das diversas manifestações do câncer e das mais recentes conquistas humanas: o estress e o Alzheimer.

Uma doença aguda, de ocorrência sazonal (outono e inverno) e epidêmica, no entanto, franqueia anualmente o caminho dos idosos para a morte. A gripe, causada pelo virus Influenza, determina alterações que evoluem com facilidade para formas letais de pneumonia, broncopneumonia, meningites, encefalites e miocardite.

Portanto, deve-se ficar atento para identificar-se precocemente os seus sintomas: febre, tosse, dor de garganta, cansaço, calafrios, dores musculares e generalizadas, redução do apetite, desânimo, abatimento e perda de interesse pelas atividades rotineiras.

Embora possamos considerar os “avanços da Medicina”, o melhor remédio quando focalizamos a gripe é a prevenção. E esta, sem dúvida, passa pelas escolhas que fazemos na vida e pelos estilos de vida advindos dessas escolhas.

Escolhemos, por exemplo, viver aqui na Granja Viana porque entendemos que este lugar ofereceria condições para existirmos mais saudavelmente. Esta teria sido, sem dúvidas, uma das escolhas que fizemos para existirmos dentro de um estilo de vida saudável e protetor da nossa saúde.

Contudo, essa mesma escolha e pelos mesmos motivos para outras pessoas, pode acarretar dissabores e doenças. É o caso, por exemplo, dos efeitos do clima desta nossa região para certas pessoas.

São famosos os 3 a 4 graus a menos de tempertura ambiente quando comparados à cidade de São Paulo. E se tal meio ambiente fôr benéfico para as árvores, para os cachorros e para certas pessoas, não deve haver dúvidas quanto ao fato de que ele pode ser caracterizado com inóspito para outras pessoas. Sobretudo para as crianças e para os idosos.

Quando o assunto é gripe, ainda mais em um idoso, tenha sempre em mente: não espere pelo aparecimento de mais um sintoma. Apenas um é o bastante para tomar-se uma atitude. E a atitude correta a ser tomada, logo aos primeiros sintomas, é consultar um médico. Lembre-se: pequenas atitudes na hora certa são mais eficazes que atitudes heróicas em momentos dramáticos e trágicos.

Anote:

-Redobrar os cuidados nos casos de pessoas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) — bronquite crônica, enfisema pulmonar.

-Conservar a casa bem arejada.

-Proteger o idoso da umidade e do môfo.

-Manter os aparelhos de ar condicionados revisados e limpos.

-Evitar aglomerações e o contato com pessoas gripadas.

-Lavar as mãos com frequência.

-Manter o idoso bem agasalhado e aquecido.

-Tomar sol antes das 10 hs e depois das 16 hs sempre com protetor solar.

-Alimentação e exercícios físicos adequados

-Cama. Porém, em boa medida. Porque a dificuldade para eliminar as secreções é maior e a perda de vitalidade sofrida pelo idoso é muito grande.

-O uso de Vitamina C e chás deve ser entendido como manifestações de carinho. Jamais como gestos propriamente defensivos contra as gripes.

-Ingerir líquidos, no mínimo 2 litros de água por dia. Para isso é que os chás servem.

-Evitar a automedicação e o consumo de remédios indicados pelos balconistas das farmácias e farmacêuticos. Sobretudo os antibióticos.

-Não utilizar as conhecidas gotas nasais para “desentupir o nariz”. Elas, inclusive podem agravar doenças já existentes.

-Manter as vias aéreas superiores livres de secreções, utilizando-se de lenços de papeis descartáveis.

-Não fumar

-Ficar atento às convocações para vacinação.

-E como não temos por aqui um serviço de atendimento hospitalar a nível de excelência, é bom que cada família tenha anotado em lugar bem visível e de fácil acesso, o nome e o telefone de um medico que também more e trabalhe por aqui. De preferência geriatra.

Obs: o presente artigo foi publicado com modificações na edição de julho da Revista Circuito

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3 respostas a O inverno e os idosos

  1. Luciano disse:

    Dr Denis,

    A Granja é um lugar ótimo para morar contudo pergunto se a alta umidade que existe na granja pode ser um dos fatores de causa de gripe resfriado asma ou renite alérgica que minha família tem com freqüência.

    Um Grande abraço,

    Luciano Longo

  2. DENIS FERRARI disse:

    Caso Sr Luciano
    Não podemos eleger apenas um elemento para fazermos dele o único fator causador de doenças. Nem mesmo como produtor de sáude e providenciador de felicidade. Mas, podemos tentar observar, mediante uma otica mais aberta, alguns elementos de um sistema que podem, ao agirem conjugados, abrir as portas para o acontecimento de doenças. O clima daqui da nossa região, comprovado inclusive pelos pediatras locais, é um desses elementos que costumam estar presentes quando do acontecimento de problemas respiratórios. Basta simplesmente demorar-se diante do cotidiano e escutar o que as pessoas comentam sobre a presença de bolor e mofo dentro dos armários. E os fungos, como todos sabemos, costumam ser responsabilizados pelo desenvolvimento de problemas respiratorios. Mas, não nos esqueçamos que, tanto em crianças quanto em adultos, as alergias também podem estar intimamente relacionadas a questões de ordem psicológica. É preciso, portanto,muito cuidado para não elegermos um único elemento como responsável por algo, seja de ruim seja de bom. Porque podemos estar, com nossa escolha, escondendo algo mais importante e talvez a grande verdade. Muitas vezes dura de se ver. Veja, por exemplo, o que aconteceria com o mercado imobiliário da região se um corretor de imóveis resolvesse mostrar, para todos os eventuais compradores, os fundos dos armários e gavetas embolorados. E tem mais, se resolvessem fazer uma pesquisa de fungos e bactérias na face posterior de todos os papéis de parede. E isso ninguém vê. Nem sequer comentam ou cogitam.

  3. Marcia Soave disse:

    Caro doutor,
    Quero saber se o senhor faz TRH em homens. Meu marido tem 42 anos, e tem sentido muito a queda de seu rendimento, diminuição da libido, e alteração de humor.
    Penso que pelo que tenho lido a respeito já é hora de pensarmos no assunto.
    Abraço
    Márcia

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